Rua moçambique 42, Lisboa
do 13 de decembro de 2013 ao 16 de janeiro de 2014
do 13 de decembro de 2013 ao 16 de janeiro de 2014
Desenho sem levantar o marcador da superfície porque a vida é assim mesmo, um jogo de erros cujo próprio percurso faz o mapa, que não havia à entrada. Não se pode desfazer o caminho percorrido, mas pode-se iniciar um outro diferente.
Uma janela velha encontrada na rua separa o meu rosto do rosto que desenho.
O marcador desliza, a mão dança, o olho selecciona, ninguém se pode mexer, o silêncio faz-se eterno e por um instante esquecemo-nos de respirar.
Desenho como a minha mão deseja em determinado momento, o olhar atento selecciona, a mão vai rápida. Um olho fechado e o outro aberto.
A mão arrasta-se, sobe e desce. Engana-se e acerta em cada rosto que desenha.
Quando observo alguém de perto – contemplo-o – observo os vestígios do tempo e as vivências (que as caras expressam e mostram), mas inevitavelmente, escolho entre todas as linhas que vejo aquela que melhor conheço, aquela que melhor o representa, talvez sejam as linhas que melhor me representem a mim. E pergunto-me, o que é que estou à espera de encontrar entre tantas caras?
Quando já não tenho mais janelas para desenhar, no turbilhão de gente e de tantos “outros”, olho-me ao espelho e, da mesma forma, desenho-me a mim própria.
Tal como se fosse outra pessoa, talvez para saber ou sentir-me outra, ou talvez “eu” e o “outro” sejamos o mesmo.
Quem sabe o que é? E se formos o mesmo?
E aqui deixo um pequenho video de como foi o leilão do fim.
Obrigada a todos.